quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

ULTIMAS DA PETROBRAS



  • No comando da Petrobras, quem será, será

    Uma surpresa e muitas dúvidas. A renúncia da presidente da Petrobras, Graça Foster, e mais cinco diretores, pegou o país de calças curtas. A informação foi divulgada dois minutos antes da abertura do mercado, ou seja, sem dar tempo para que a novidade se propagasse entre os investidores. Quem soube primeiro pôde decidir primeiro o que fazer para se beneficiar da notícia.
    Como tem acontecido com tudo que envolve a Petrobras recentemente, o anúncio não poderia ser mais atravessado. Por exemplo, uma hora depois da divulgação da renúncia, ninguém sabia informar quem seriam os cinco diretores que se juntaram a Graça Foster na saída. E, ainda assim, as ações da estatal dispararam – sinal de que, quanto mais real for a troca de comando na companhia, melhor.
    Junto com a renúncia, a Petrobras avisou que vai reunir o conselho administrativo na próxima sexta-feira (6) para a indicação e aprovação da nova diretoria. É de se pensar que Dilma e seu escudeiro Joaquim Levy já tenham convencido alguém a assumir a presidência da estatal. Assim como foi para o novo ministro da Fazenda, há espinhos, mas também poderão haver muitos louros para o "herói às avessas” que conseguir revirar o declínio da petrolífera.
    E as perguntas tomam conta da sala: quem será o novo comandante da maior empresa do Brasil? Ou será “uma” comandante? Na escolha de Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda, a força das especulações estava em nomes específicos, cotados para assumir a cadeira espinhosa de Guido Mantega. A surpresa com a chegada de Levy chocou e surpreendeu – para o bem.
    O foco dos rumores agora é encontrar a “competência”. Quem conseguirá reunir pré-requisitos tão específicos e ao mesmo tempo tão abrangentes. O “sujeito” terá que ser forte o suficiente para “chocar” o mundo financeiro, não adianta agradar só ao mercado brasileiro. Esse choque só virá se ele for reconhecidamente competente em gestão de grandes companhias, com histórico de sucesso.
    Se não daí, o tranco tem que vir de uma capacidade de articulação e trânsito tanto empresarial quanto político. Sem essa “musculatura”, vai ser difícil enfrentar os rojões vindos da esplanada dos ministérios e do Congresso Nacional em Brasília.
    Afinal, a Petrobras é barganha política há anos e agora querem fechar essa porta? Para dar um impacto considerável na credibilidade da companhia, será preciso, sim, diminuir as alianças da estatal com o governo. Até porque a Petrobras não é do governo ou de “um” governo. Ela é do Estado brasileiro e o governo de plantão ganha o poder de geri-la, mas não de tomá-la para si.
    A lista de nomes que circulam neste segundo dia de especulações inclui todo tipo de candidato:
    - Rodolfo Landim: ex-diretor da Petrobras, técnico competente e apartidário, com trânsito internacional;
    - Roger Agnelli: ex-presidente da Vale, articulado politicamente, mas desafeto conhecido da presidente Dilma Rousseff;
    - Henrique Meirelles: curinga das crises, o ex-presidente do Banco Central aparece em todas as listas de “heróis-nacionais”. Seu nome surge mais como uma dívida do ex-presidente Lula ao seu companheiro de governo, para recolocar Meirelles no cenário político do país;
    - Murilo Ferreira: atual presidente da Vale, com uma gestão aprovada pelo mercado;
    - Eduarda La Rocque: ex-secretária da Fazenda do município do Rio de Janeiro e muito próxima ao ministro Joaquim Levy.
    Há outros executivos, até de quem comanda empresas do setor alimentício. O que vai realmente agradar é o nome que “vestir” melhor a capa das competências exigidas para dar conta do imbróglio da petrolífera. Capa forte o suficiente para protegê-lo, inclusive, dos ataques jurídicos inevitáveis para quem assumir as contas de uma empresa vítima da corrupção.


  • por Thais Herédia

    Roger Agnelli e Rodolfo Landim 'circulam' entre boatos para a Petrobras

    Os requisitos para a escolha de um novo presidente para a Petrobras passam pela política, pelo petróleo, pela vontade da presidente Dilma, pela influência do ex-presidente Lula no governo atual, pela competência do executivo em virar o jogo da credibilidade perdida e, principalmente, pela disposição do candidato em assumir riscos jurídicos desconhecidos.
    Os nomes mais fortes que rondam as mesas de grandes bancos e fundos de investimentos no Brasil são: Roger Agnelli, que esteve no comando da Vale por mais de 10 anos; e Rodolfo Landim, ex-parceiro de Eike Batista e atual desafeto do empresário, com passagens pela Eletrobrás e BR Distribuidora.
    Roger Agnelli é amigo e muito ligado ao ex-presidente Lula. Quem não gosta dele é Dilma Rousseff. Agnelli foi demitido categoricamente pela presidente no início do 2011 e seria um nome difícil dela engolir. Ora, mas se ela “engoliu” Joaquim Levy e suas “maldades” na Fazenda, por que não aceitar Roger Agnelli na cadeira da Petrobras para estancar a sangria na estatal?
    Rodolfo Landim é um nome conhecido e respeitado no mercado internacional de óleo e gás, com mais de 30 anos no setor. O fato de ter saído brigado com Eike Batista antes mesmo da derrocada do ex-mega-empresário aumenta seu cacife. Hoje, o executivo toca a Mare Investimentos, um fundo de compra de participação em empresas de óleo e gás.
    Outros nomes correm pelos boatos, até mesmo o do ex-BC Henrique Meirelles. O banqueiro parece curinga de crises – ele foi super cotado para assumir o ministério da Fazenda e agora aparece novamente na lista de candidatos à Petrobras. Na lista também estão ex-diretores da própria estatal, com histórico de boa gestão e sem filiação política.
    A guerra de salvamento da petrolífera tem várias batalhas – por enquanto, o governo vem perdendo a maioria, senão todas. Em momentos de crise aguda, a batalha da comunicação é tão importante quanto a geração de caixa. O vazamento da decisão da presidente Dilma de retirar Graça Foster da Petrobras deveria ser seguido por um nome forte já eleito para assumir a companhia.
    O vácuo entre os nomes não provocou preocupação imediata, ao contrário. As ações da Petrobras sobem como foguete nesta terça-feira. Mas o tempo corre contra o governo e a escolha precisa ser tão rápida quanto forte. Bata saber o que vai guiar a decisão da presidente Dilma – a emoção ou a razão.


  • por Thais Herédia

    Para a economia, Levy é antibiótico – o resto é só para enjoo

    O “placar” de sete a zero previsto para economia em 2015 pode não ser tão humilhante quanto o 7X1 do futebol, mas vai custar caro para o Brasil. Pela primeira vez desde 2004 a maioria dos analistas ouvidos pelo Banco Central espera uma inflação acima de 7% ao ano – 7,01% segundo relatório Focus desta semana. Para o PIB, a estimativa está agora em 0,03%, num otimismo estatístico para um resultado positivo.
    Há dois anos, os mesmo analistas previam um IPCA 5,7% e um PIB 2,2% para 2015. O que fez os números mudarem tanto? A reversão das expectativas foi causada pela piora na condução da política econômica entre janeiro de 2013 e dezembro de 2014. Se pegarmos apenas o aspecto fiscal, ou seja, dos gastos públicos, as escolhas do governo provocaram o pior resultado das contas dos últimos 20 anos, pelo menos.
    E não foi só dos cofres púbicos que vieram as más notícias. A condução da política de preços da energia, dos transportes, do combustível e do dólar artificializou a inflação e aumentou o risco de estouro dos preços – taí a previsão de IPCA acima de 7% este ano. Outro exemplo: o estímulo ao consumo de energia mesmo com a escassez no fornecimento nos colocou frente a frente com o risco de racionamento, um trauma que os brasileiros imaginavam superado há 14 anos. E tem ainda a falta d'água...
    O Banco Itaú, por exemplo, prevê queda de 0,5% para o PIB de 2015 e ainda nem contabiliza possíveis racionamentos de água e energia, que, sozinhos, levariam o PIB a cair 0,6%. O desempenho dos setores capitaneados pela Petrobras é responsável por boa parte da revisão mais pessimista do banco. Sim, já estava quase esquecendo dos efeitos da operação Lava Jato.
    Na agenda da semana teremos o resultado do IPCA de janeiro, que deve ficar em cerca de 1,2%,  e a produção industrial de dezembro medida pelo IBGE – o  consenso de mercado aponta queda de 2,5% no último mês do ano. A outra novidade deve vir da política, com a vitória do deputado do PMDB, Eduardo Cunha, para a presidência da Câmara dos Deputados. Cunha quer votar “ontem” o chamado Orçamento Impositivo, que obriga o governo a pagar as emendas parlamentares – mais uma conta a ser paga pelo Tesouro Nacional.
    Diante de tantos riscos e provações, os críticos da presidente Dilma Rousseff vêm se perguntando: será que ela vai aguentar manter o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, fazendo todas as “maldades necessárias” para não espantar de vez os investidores? A presidente pode até fazer cara feia para “engolir” o Levy, mas ela sabe bem que ele é o “antibiótico” de seu governo. Todo o resto serve para aguentar o enjoo – o que, pelo perfil “duro na queda” da presidente, ela pode passar sem.


  • por Thais Herédia

    Petrobras: com ou sem emoção?

    Está difícil entender o que está fazendo bem e o que está fazendo mal à maior empresa do Brasil. Revelar um cálculo aproximado de obras super avaliadas atrapalha ou esclarece? Assumir uma redução de investimentos assusta ou acalma investidores? A tentativa do governo de blindar a diretoria e os ex-conselheiros da Petrobras (caso da presidente Dilma Rousseff) agrava ou protege a instituição?

    A maioria das perguntas que pairam hoje sobre a Petrobras não tem resposta. Pelo menos não uma resposta pragmática, preto no branco, conta fechada. O reflexo mais evidente da crise envolvendo a companhia se dá no preço (como sempre!) e no risco. O preço das ações da petrolífera continua despencando. O risco para financiar a estatal continua aumentando.

    O rebaixamento da nota de classificação de risco anunciado pela Moody’s nesta sexta-feira (30) é a materialização desse quadro. Ao fazer isso, a agência americana provoca efeitos imediatos na gestão da Petrobras: aumenta o custo da dívida e dificulta o acesso a novos financiamentos.

    Na batalha da desinformação, ganha quem aparece com alguma coisa palpável, factível. Para mostrar ao mercado que há uma luz no fim do túnel, a diretoria da Petrobras tenta convencer os investidores que, ao reduzir investimentos no curto prazo, renegociar contratos, abrir mão de ativos não estratégicos, se beneficiar da queda do preço internacional do petróleo aumentando o da gasolina aqui dentro, a estatal vai conseguir gerar caixa suficiente para pagar as obrigações financeiras deste e do próximo ano, pelo menos.

    Se conseguir convencer o mercado da eficácia das medidas extremas, a Petrobras enfraquece apenas os perigos internos. O paredão que está sendo construído logo ali na frente está na justiça dos Estados Unidos – algo que nem o governo do PT pode controlar! Qualquer decisão que implique em pagamento antecipado de dívidas apaga aquela luzinha que a petrolífera tenta manter acesa.

    Olhando além da ameaça americana, analistas ouvidos pelo blog esperam ouvir, o quanto antes, duas medidas que seriam essenciais para estancar o derretimento da Petrobras: troca da atual diretoria e um plano de capitalização para “tapar os buracos” no caixa da empresa. Na visão de muitos deles, elas seriam não apenas essenciais mas, principalmente, inevitáveis.

    São escolhas difíceis e altamente complexas diante do novo direcionamento da política econômica, liderado pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy. A ordem é cortar gastos e acabar com a festa do endividamento para salvar estatais. De um lado, Levy vai reconquistando a confiança dos investidores. Do outro, a Petrobras vai lutando para não afundar como uma plataforma de petróleo sem boia.
     

  • por Thais Herédia

    Petrobras: Devo, não pago. Nego enquanto puder!

    De tão velho, o ditado “devo, não nego, pago quando puder” ganhou uma versão mais autêntica. A modernização do dito popular explica e justifica a atual situação da Petrobras. Com muito atraso e pouca clareza, a estatal conseguiu publicar um balanço “meia-boca” do terceiro trimestre de 2014. Antes de se debruçar sobre os números, vale perguntar: por que demoraram tanto para publicar nada?
    Mesmo sendo um documento difícil de ler e interpretar, o balanço de uma empresa não consegue esconder as más noticias. E no caso da Petrobras, elas saltam do papel em letras garrafais: o comando da petrolífera não sabe dizer quanto perdeu com a corrupção investigada pela operação Lava Jato da Polícia Federal. O atraso na publicação, que deveria ter acontecido até 12 de dezembro,  não era exatamente para ganhar tempo e mostrar o tamanho do buraco?
    Por enquanto, só disseram que o lucro líquido do terceiro trimestre do ano passado foi de R$ 3 bilhões, uma queda de 38% em comparação com o trimestre anterior. Para o Tribunal de Contas da União, aparentemente especialista em “contas”, os desvios com a corrupção e os superfaturamentos podem chegar a R$ 3 bilhões com a construção de refinarias, compra de outras companhias como a de Pasadena, nos Estados Unidos. (Veja na reportagem do G1).
    Além de ter dados faltando, o balanço da Petrobras também não tem validação externa, que é feita por auditorias independentes. Com uma calculadora “isenta”, os auditores passam pente fino em todas as contas em nome dos acionistas que investem na empresa. A celeuma toda do balanço da estatal começou quando a auditora responsável pela ratificação das informações se recusou a assinar a confusão instalada na petrolífera.
    Na reportagem especial do G1 há um gráfico desalentador do triste momento por que passa a Petrobras. Quem tem ações da companhia nem precisa ver as notícias para saber disso. O valor delas caiu 37% em 2014. Nesta quarta-feira (28), por causa da publicação tardia e vazia do balanço, as ações da Petrobras caem fortemente.
    A única coisa que a Petrobras conseguiu esclarecer ao mercado, aos investidores e acionistas, é que o vácuo de gestão na empresa é grande e danoso. Para escapar de perdas bilionárias por quebra de contratos, consequência da não publicação das contas, a maior estatal do Brasil sangra e, assim como acontece com quem precisa dos hospitais públicos do país, não há leito nem médico para estancar a ferida. Até quando uma das maiores petrolíferas do mundo vai aguentar?


  • por Thais Herédia

    Economia pula, tropica, mas não cai

    Num dicionário de sinônimos, a palavra maldade poderia ser substituída por crueldade, malvadeza, ruindade, entre outros. O adjetivo que expressa o mesmo sentido porém afina mais com o momento da economia brasileira é "perversidade".
    Em poucos dias os indicadores malvados e os acontecimentos cruéis revelaram um país que: perde renda (inflação); dificulta o crédito (juros mais altos); desemprega (Caged); exporta mais poupança do que produtos (gastos dos brasileiros no exterior versus a balança comercial);  cobra mais impostos sem prometer nada em volta (pacote de “maldades”); fica no escuro sem aviso (apagão); fica sem água por falta de planejamento (ex: A Saga da Cantareira Seca).
    Quando se fala de 2015, a frase mais ouvida de economistas é: “este ano já foi”, ou seja, não há atalhos para o crescimento, não há machado forte o bastante para cortar a inflação, não há dinheiro suficiente para investimentos. E, principalmente, ainda não há confiança razoável para estimular uma guinada.
    Olha, se é para reforçar as bases para começar uma nova jornada com a vida arrumada, entrego 2015 inteiro e já fico de olho com o que pode acontecer em 2016. Nem assim será fácil. O reequilíbrio se dá sempre (eu repito: sempre!) pelos preços. O preço do trabalho, do investimento, da credibilidade, da moeda, do endividamento, e tantos outros ativos que compõem uma economia. E o preço é que dói mais, porque ele poupa quase ninguém.
    Como num rodeio em que o peão precisa ficar segundos montado no touro bravo, a nossa economia tropica para um lado e para o outro, tomba de lá para cá e olha para o cronômetro para saber quanto tempo falta para soltar o arreio apertado no bicho e retomar o passo. Segundos que têm durado uma eternidade! Por incrível que pareça, o cronômetro acaba de ser ligado.
    Liderado pelo ministro Joaquim Levy, que nem parece trabalhar para um governo do PT, o processo de ajustes já começou. Lá em Davos na Suíça, meca dos investidores internacionais, Levy transitou com tranquilidade e segurança, receitando, sem nem fazer cara feia, a amargura que o país vai engolir para se reestabelecer e enfrentar o touro até o final do tempo.
    A força do “peão” que rodopia hoje é visível e não pode ser subestimada. Mas tampouco pode ser maltratada como foi nos últimos anos. E se tem uma coisa que o touro bravo não é, é perverso. O maldoso é quem aperta o arreio na anca do bicho até ele não aguentar. 
    Seguuuura, peããããão! O rodeio já começou!



     Quarta-feira, 04/02/2015, às 11:43, por Thais Herédia

    Fonte: G1




Nenhum comentário:

Postar um comentário